No dia
04 de abril, no cinema da Reserva Cultural de Niterói, tivemos o privilégio de
participar enquanto Laboratório de Pesquisa da UFF – LabMigrar, do festival Filmambiente que faz parte do circuito
internacional de filmes que tratam sobre importantes temas como: meio ambiente,
globalização e os efeitos gerados pelo sistema de produção preponderante na
atualidade. O festival busca proporcionar a reflexão e a discussão de assuntos
extremamente relevantes, porém, muitas das vezes, deixados de lado por nós.
Nessa
publicação, quero destacar o filme de abertura do festival: Astral – que conta
a história de um veleiro de luxo que foi transformado em um barco de resgate
pela ONG espanhola Proactiva Open Arms,
que se dedica na busca e salvamento dos deslocados forçados, que arriscam suas
vidas na travessia do Mar Mediterrâneo sonhando com uma vida melhor na Europa.
O filme traz fortes cenas em que homens, mulheres e crianças, na busca por sobreviver,
vencem a fome, a sede, o medo e a incerteza de um asilo em outro país.
Ao nos
confrontarmos com essa realidade, não podemos mais ficar apáticos e inertes a
fatos como esses, em que pessoas são obrigadas a deixar os seus países de
origem na luta pelo DIREITO AVIDA; em busca de paz, segurança e da garantia
dos direitos humanos.
O
colapso denominado de Crise de Refugiados, apresenta o massacre contra as
pessoas que decidem atravessar a fronteira entre o hemisfério sul e o norte do
globo, sendo, em sua maioria, criminalizados e nomeados como migrantes ilegais
que trazem risco e insegurança para a população dos países ricos do norte.
Não
podemos deixar de destacar que essa perseguição e distinção também é motivada
por critérios raciais, uma vez que a maioria dos refugiados são de países
Africanos e do Oriente Médio, recaindo, também, sobre eles o peso do
preconceito racial.
Os
enfáticos debates em torno da crise de refugiados trazem como pretexto a ampliação
dos mecanismos de segurança e repressão nas fronteiras, na construção de
barreiras, a fim de impedir que as pessoas adentrem nos territórios dos ditos
países democráticos e de primeiro mundo, produzindo o “caos” embasados no
discurso da escassez.
Vídeo de divulgação do 1º dia do evento com a participação de Fátima Scanoni
Fátima Scanoni participando do debate |
Aqueles que conseguem chegar ao território dos países centrais, se deparam com os critérios de distinção entre os solicitantes de asilo, onde é averiguado quem merece e quem não merece o Direito ao Refúgio. Assim, mais uma vez, o Direito à Vida é colocado em xeque, fazendo com que o critério de escolha só seja considerado quando levado ao seu limite.
Dessa
forma, podemos afirmar que fugir é o pecado que eles cometeram, ao se
insurgirem contra a violência, contra a fome e as barreiras que os “sentenciam
a morte” todos os dias nos seus países de origem, sendo impedidos de cruzarem
as fronteiras do “mundo globalizado” na luta pelo direito de existir.
Sala de cinema durante o filme |
Daiana Lacerda, Fátima Scanoni, Isadora Bersot - Integrantes do LabMigraR |
Últimos momentos antes do começo do filme |
Chada Kembilu, refugiado congolês, contando sua experiência no Brasil |
Texto: Daiane Lacerda